16/11/2011

Dona Vanda ou Dona Linda: “a celebridade da feira”

Marina Rodriguez e Yarmila Muniz


“Dona Linda” é como os colegas chamam a feirante Vanderlinda Lacerda, 63 anos, uma das personalidades da feira de São Joaquim. Vinda de uma família humilde com 16 irmãos, sendo quatro por parte da mãe e 12 por parte de pai, tomou as rédeas da vida cedo. “Estudei até a quinta série para poder trabalhar”, disse. Com sete anos já acompanhava sua mãe na feira e com 17 abriu sua barraca. Já está lá há 45 anos, vendendo legumes.



Atualmente Dona Linda mora em Periperi e tem um casal de filhos. É divorciada e disse ter namorado muito durante a juventude: “mainha me batia, mas depois eu fazia tudo de novo”, brinca. A vendedora agradece tudo o que tem à feira e lamenta o fato de as pessoas recriminarem os trabalhadores de São Joaquim: “não interessa quem você seja e sim como se comporta comigo”.

Hoje, dona Vanda (como gosta de ser chamada) mantém a venda de legumes em um espaço menor, porque há dez anos o “rapa” destruiu sua antiga barraca. Não é a toa que ela se identifica com o orixá Ogum, “por ser guerreiro”. E completa: “ainda bem que os policiais tratam bem a gente. Hoje em dia ficam à paisana para fazerem a segurança do local”.


Vanderlinda revelou ter também uma banca de acarajé. Mesmo reverenciando um deus do candomblé, afirma não ser adepta somente a uma religião. Mas acredita: “Deus é bom, ele pode tudo. O possível e o impossível”.

Apesar de toda essa bravura, não esconde os seus medos: “só pego ferry se tomar uma cachaça. E tenho medo de avião”, riu. Para ela, mar e aventuras só são bons numa tela. Disse adorar os filmes que se passam no fundo do mar e do desenho Tarzan. Nos momentos de descontração, prefere ouvir Roberto Carlos, Bezerra da Silva, Edson Gomes e Bob Marley.


Segundo o feirante Jaime Sampaio: “ela é a celebridade da feira”. E não é somente o jeito irreverente que lhe deu esse status, mas também por ter sido uma das modelos da exposição que o fotografo Sérgio Guerra fez em 2006. “Eu fechei, meu bem! Fiquei metida, viu? Tem que ter um momento de alegria”. Ela contou se sentir orgulhosa por ter apertado a mão de Gilberto Gil, do ex-governador Paulo Souto e do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.


Dona Vanda ou Dona Linda é tão querida na feira que muitos que passavam não deixavam de falar com ela: “trato eles como meus filhos. Vi muitos crescerem”. E ainda aconselha: “o que você puder fazer hoje, não deixe para amanhã. O amanhã não é nosso”.

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