23/11/2011

Edmilson, um católico cheio de axé

Aline Valadares

Edmilson e seu filho vendem animais vivos. Fotos: Aline Valadares
“Aqui é o melhor lugar que existe para trabalhar”, diz Edmilson, proprietário da barraca Encontro das Aves, na Feira de São Joaquim. A feira foi fundada há aproximadamente 40 anos e é considerada um entreposto para as mercadorias vindas do recôncavo para Salvador. A barraca pertenceu aos pais de Edmilson, há 30 anos. É um negócio hereditário. “Trabalho aqui desde meus 8 anos e meus filhos já me ajudam”, diz, orgulhoso de ter os filhos na faculdade e ajudando na quitanda.


Grande parte dos produtos vendidos na feira chega pelo mar



O nome Encontro das Aves é bastante sugestivo, visto que a especialidade do comércio de Ed (como é conhecido na feira) são galinhas, pombos, pavões, mas ele também vende coelhos e outros roedores. O comerciante assume que sua barraca não é a que mais vende ali na feira. “Quem vende mais aqui são as barracas de Umbanda”, observa.


Apesar de considerar um ótimo lugar para trabalhar, Edmilson tem uma visão crítica do local. “Aqui é onde o filho chora e a mãe não vê”, lamenta. Apesar de ser o dono, ele não fica todos os dias na feira, pois mora numa cidadezinha próxima de Cruz das Almas e vem para Salvador passar apenas os finais de semana.


Segundo Ed, “as pessoas da capital perderam a inocência, ficaram menos verdadeiras e mais aproveitadoras” do que as pessoas com quem convive no interior.


Edmilson diz que muitos quando saem da barraca dele se despedem e ele fala “axé”, mas poucos sabem respondê-lo, então ensina: “quando alguém lhe diz axé, você tem que responder dizendo olodum do pé”. Sobre sua religiosidade, considera-se católico, mas sem nenhum preconceito com religião, sobretudo com o candomblé e a umbanda. “Se for possível, eu até ajudo”, conclui o comerciante.

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